A terapia da fala concentra-se na avaliação, diagnóstico e tratamento de distúrbios relacionados com a comunicação oral e escrita e com problemas de deglutição. O terapeuta da fala é responsável pelo desenvolvimento de competências de comunicação e interação eficazes, intervindo nas dificuldades de aquisição da linguagem, na articulação dos diversos sons, na compreensão e expressão verbal, bem como nas diversas dificuldades associadas à alimentação e deglutição e que impedem o correto uso das competências oro-motoras e oro-musculares.

A intervenção do terapeuta da fala começa na individualização do plano terapêutico, adaptado às necessidades de cada criança. Este plano pode incluir atividades de articulação e fonologia, vocabulário e semântica, gramática, sintaxe, jogos de interação social, exercícios de leitura e escrita, exercícios de respiração e voz, exercícios de deglutição, etc.

Esta terapia visa a qualidade de vida e bem-estar, tendo como pilar a comunicação com o outro para o futuro e para a autodeterminação.

Áreas De Intervenção Em Crianças E Jovens
  • Desenvolvimento da linguagem e comunicação: Esta área foca-se na melhoria das capacidades comunicativas e de interação desde a aquisição de vocabulário até à compreensão e expressão eficaz.
  • Alterações a nível da fala: Ajuda crianças e jovens com dificuldades na produção correta de sons, com desafios na fluência da fala, como a gaguez.
  • Distúrbios de linguagem ou comunicação relacionados com o espectro do autismo: Especialistas trabalham com crianças no espectro do autismo para desenvolver competências de comunicação, interação social e linguagem.
  • Dificuldades de aprendizagem e literacia: A intervenção precoce em dificuldades de aprendizagem e aquisição dos processos de leitura e escrita (p.e: dislexia), é essencial para a evolução escolar.
  • Terapia da fala em condições neurológicas e genéticas: Crianças com condições como paralisia cerebral ou síndromes genéticas beneficiam, muitas das vezes de forma significativa, de intervenção em terapia da fala para melhorar competências relacionadas com a comunicação e a deglutição.
Sinais De Alerta

É crucial reconhecer sinais de alerta no desenvolvimento da fala e da linguagem em crianças. Seguem-se alguns indicadores por faixa etária que podem sugerir uma avaliação em consulta terapia da fala:

  • 0-6 meses: Nesta fase, é essencial observar a reação da criança aos sons e o início do palreio (produção de pequenos sons). A falta de resposta a sons ou a ausência de vocalizações deve ser um sinal a ter em consideração. Não sorrir, não estabelecer contacto ocular e não passar do palreio para produções mais complexas (“da-da”; “ma-ma”) também deve ser alvo de atenção.
  • 6-12 meses: Espera-se que as crianças comecem a emitir sons mais complexos e variados e a reagir a palavras conhecidas. Responder a adeus, olá e outros gestos ou palavras das rotinas são competências esperadas nesta fase. A ausência destas reações ou uma falta de diversidade nas mesmas, bem como a ausência de reação ao nome deve ser partilhadas com o médico de família ou pediatra.
  • 12-18 meses: Aos 12-18 meses, as primeiras palavras devem surgir. Também se espera que nesta fase comece a demonstrar mais intenção de imitar o outro e a tentar comunicar mais. Se a criança não estiver a imitar sons ou a formar palavras simples, bem como a tentar chamar à atenção com gestos, movimentos ou sons, deve consultar um especialista.
  • 18-24 meses: Neste período, a criança deve começar a juntar 2-3 palavras para formar frases simples. Dificuldades significativas ou um vocabulário muito limitado, bem como a falta de atenção ao adulto são razões para procurar ajuda especializada.
  • 2-3 anos: Nesta idade, aumenta a percetibilidade e complexidade da fala. Problemas em formar frases mais longas ou dificuldades em produzir um discurso gradualmente mais percetível podem ser indicativos de questões subjacentes.
  • 3-4 anos: Uma fala mais percetível e a capacidade de manter conversas mais longas e detalhadas devem estar presentes. Se a fala for frequentemente pouco percetível (p.e: com trocas de sons) ou se a criança tiver dificuldade em formar ideias mais complexas, é importante que seja avaliada.
  • 4-5 anos: A articulação do discurso deve ser melhor e a construção de frases cada vez mais correta. Dificuldades no uso de frases com organização correta ou na produção clara de grande parte das palavras são sinais de alerta.
  • 5-6 anos: A preparação para a alfabetização e as habilidades de socialização devem estar em desenvolvimento. Dificuldades em contar histórias, compreender instruções ou interagir com os colegas podem justificar uma avaliação especializada.
Links

Sociedade Portuguesa de Terapia da Fala

Associação Portuguesa de Terapeutas da Fala