A seletividade alimentar em crianças é uma preocupação crescente para muitos pais e profissionais. Este comportamento, que envolve a recusa persistente de alimentos, pode estar intimamente ligado a questões de integração sensorial e ao desenvolvimento na psicologia infantil.
A integração sensorial refere-se à forma como o cérebro processa as informações recebidas através dos sentidos. Crianças com dificuldades nesta área podem reagir de forma exagerada a texturas, sabores e cheiros, levando a uma alimentação restritiva. Aqui, a intervenção focada em melhorar a integração sensorial pode ser crucial para ampliar a variedade de alimentos aceites.
Por outro lado, a psicologia infantil desempenha um papel fundamental na compreensão dos padrões de comportamento alimentar. Fatores emocionais, como ansiedade e controlo, podem estar na base da seletividade alimentar. A intervenção psicológica pode ajudar a identificar e tratar as causas subjacentes, promovendo hábitos alimentares mais saudáveis.
A combinação destas abordagens é vital para um tratamento eficaz. Ao trabalhar simultaneamente a integração sensorial e os aspetos psicológicos, é possível ajudar a criança a superar a seletividade alimentar, garantindo uma alimentação mais equilibrada e um desenvolvimento saudável.
Seletividade Alimentar e Autismo
A seletividade alimentar é uma característica comum em crianças com autismo, apresentando-se frequentemente como uma forte preferência por alimentos específicos e a recusa de outros. Este comportamento pode ser influenciado por vários fatores, entre os quais a integração sensorial e os desafios associados ao transtorno do espectro do autismo (TEA).
Crianças autistas podem experimentar hipersensibilidade ou hipossensibilidade a estímulos sensoriais, como texturas, sabores e cheiros. Estas perceções sensoriais alteradas podem tornar certos alimentos aversivos, levando à seletividade alimentar. Por exemplo, uma criança pode rejeitar alimentos por serem demasiado crocantes, moles, ou até por causa da cor. A intervenção focada na integração sensorial pode ser essencial para ajudar a criança a aceitar uma gama mais ampla de alimentos, adaptando gradualmente a sua tolerância a diferentes estímulos.
Além dos desafios sensoriais, os aspetos emocionais e comportamentais relacionados com o autismo também desempenham um papel significativo na seletividade alimentar. Crianças autistas podem desenvolver rotinas rígidas ou fixações em determinados alimentos, usando a alimentação como uma forma de controlo num mundo que, para elas, pode ser muitas vezes imprevisível. A psicologia oferece ferramentas para abordar estes comportamentos, ajudando as crianças a reduzir a ansiedade e a aceitar mudanças na sua dieta.
Portanto, a abordagem da seletividade alimentar em crianças com autismo deve ser multidisciplinar, envolvendo terapeutas ocupacionais, psicólogos e nutricionistas. A combinação de intervenções sensoriais e psicológicas pode melhorar significativamente a variedade e a qualidade da alimentação, promovendo um desenvolvimento mais equilibrado e uma melhor qualidade de vida para a criança e a sua família.